terça-feira, 1 de setembro de 2009

Berlim (II) - Schloss Charlottenburg

Na noite anterior, remeti-me ao meu quarto por volta das dez horas (hora alemã). Seria de esperar que com o cansaço acumulado de 1) uma noite de sono bem curta, 2) duas viagens de avião, e 3) uma tarde passada a calcorrear uns bons quilómetros, eu caisse redondinho no colchão e só acordasse na manhã seguinte. Seria verdade, se eu não tivesse o hábito chato de estranhar sempre a primeira dormida fora de casa. Não contei, mas pareceu-me ter demorado quase uma hora a adormecer.

O segundo dia começou cedo: às nove da manhã já estávamos a tomar o pequeno-almoço. Só que verificámos que não era suficientemente cedo pois era tão grande o ajuntamento de hóspedes para fazerem o mesmo, que já tinhamos pouca oferta por onde escolha e até a loiça começava a escassear. Meia-hora depois já estávamos nas ruas de Berlim a caminho do nosso primeiro destino: o palácio de Charlottenburg (Charlottenburg Schloss), na zona noroeste da cidade. Na estação U-Bahn de Wittenbergplatz, comprámos o passe diário para grupos de até cinco pessoas (Kleingruppenkarten) que nos permitia andar em todos os transportes públicos até às 3 horas da manhã. E isto por apenas 4 Euros/pessoa!
Depois de mudar da linha U2 para a U7, em Bismarckstraße, saímos na estação Richard-Wagner-Platz para a avenida Otto-Suhr-Allee, que nos levaria eventualmente ao palácio. O problema foi orientarmo-nos mal saímos da estação. A avenida é enorme, nós estávamos praticamente a meio dela sem ver coisa alguma para qualquer dos lados, e havia pouca informação sobre o rumo a tomar. Felizmente, uma senhora idosa deve ter-se apercebido do nosso ar perdido e abordou-nos, indicando-nos então o sentido correcto. Dankeschön!

Não houve como enganar, mal chegámos a Spandauer Damm: o palácio dominava o horizonte. A parte leste do complexo já me parecia enorme - digna de uma entrada de palácio cá em Portugal - e era apenas uma pequena parte do que ia ver... A partir daqui estava aberta a "época da fotografia indiscriminada", lol.
Passámos o enorme portão para o também enorme pátio de entrada do ainda maior palácio, e estava já uma pequena fila à porta do que confirmámos depois ser a bilheteira. Comprados os bilhetes e preparado o audio-guia, percorremos as muitas e variadamente decoradas quartos, salas, e salões. Não fugindo ao que aconteceu a muitos dos edifícios berlinenses, também este palácio sofreu bastante com a guerra e, por isso, muito do seu conteúdo foi reconstruído e remodelado, sobrando pouco da decoração original, apesar dos aplaudíveis esforços para repôr tudo tal como era. Não se podia tirar fotos (nem com flash), o que foi pena pois havia muitos espaços dignos de serem registados à maneira de cada visitante.
Foram duas as divisões que mais me marcaram: a sala da porcelana (vejam esta e esta preciosidade!), feita com peças da colecção da rainha Sophie Charlotte; e, logo anexa, a capela real, com uma gigantesca escultura de uma coroa, rodeada por anjos e encimada pela águia negra da Prússia (ver aqui). Terminada a visita pelas divisões oitocentistas, no rés-do-chão, esta prolongou-se e terminou com a subida ao primeiro andar, onde ficam as divisões com decoração mais recente e usadas pelos últimos reis prussianos (séc. XIX).

Schloss Charlottenburg
(Palácio Charlottenburg)

O maior palácio de Berlim, e o único sobrevivente da época prussiana, o Palácio Charlottenburg foi construído no final do séc. XVII por ordem de Sophie Charlotte, mulher do então príncipe-eleitor de Brandenburgo, Frederico Guilherme I (cuja estátua equestre se encontra no centro do pátio principal). Originalmente denominado Palácio Lietzenburg, por estar localizado na vila de Lietzow, Frederico Guilherme, já rei da Prússia, mudou-o para o nome actual em homenagem à mulher, falecida em 1705. Foi amplamente expandido ao longo do séc. XVIII, tendo sido acrescentadas as alas laterais, a cúpula central, e o teatro na ala oeste - agora ocupado pelo Museum für Vor- und Frühgeschichte (Museu da Pré-História e História Antiga).



Ala oriental












Estátua equestre de Frederico Guilherme I








Orangerie (ala ocidental)


Museu da Pré-História e História Antiga






Extasiado pela quantidade de informação visual absorvida no par de horas anterior, a fome fez-se sentir. Comprámos ali perto sandes e água - com gás, pois claro, que estes alemães não devem saber o que é agua natural - e almoçámos no parque do pálacio. Prosseguimos com a visita aos jardins barrocos, recuperados conforme o desenho original, e ao enorme parque, envolvido pelo rio Spree a norte e leste. Para além do palácio, o bilhete dava acesso a três outros edifícios espalhados pelo parque, mas apenas pudemos visitar a Belvedere - antiga casa de chá, alberga agora um pequeno museu de porcelana - porque tanto o Mausoléu como o Neuer Pavillon estavam em obras de beneficiação.

Schlosspark Charlottenburg
(Parque do Palácio Charlottenburg)

Os jardins de estilo barroco francês (padrões simétricos) foram desenhados em 1697 por Simeon Godeau. No final do séc. XVIII foram reconvertidos num jardim do estilo mais naturalista inglês por Peter Lenné. Depois da Segunda Guerra, a recuperação do espaço restaurou o estilo barroco original. Os jardins são separados do parque, a norte, por um lago cujas águas provêm do rio Spree.























Ó! A prova de que eu estive lá!




Belvedere






Contrariamente ao que tinhamos previsto, conseguimos ver Charlottenburg (ver BEM, não ver a correr) e ainda nos sobrou imenso tempo para ver os outros locais planeados.

Mas como este post já está bem grandinho e recheado, remeto o resto deste dia para o próximo. Não percam o próximo episódio...

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