De volta ao relato da minha viagem, após a rentré profissional...
Para fechar o segundo dia (primeiro completo) passado em Berlim, fomos visitar a histórica Potsdamer Platz, localizada a menos de 1 km da Porta de Brandenburgo. Desde a razia total provocada pela guerra, esta praça transformou-se na La Défense berlinense. Talvez não tão magnífica como a original, e certamente menos densificada, mas mesmo assim digna de se ver; sobretudo à noite, com os prédios todos iluminados, é impressionante.
Apanhámos a U2 em Alexanderplatz e, poucas estações depois, saímos dos subterrâneos para o átrio de um dos prédios que faz esquina com a praça. Logo aí, o nosso olhar foi logo apanhado pelo edificado de estética moderna e, sobretudo, alto. Coisa rara por cá... Do lado direito, visão aberta para Leipziger Platz, outra enorme praça com um curioso formato octogonal.
Na nossa exploração, deparámo-nos com a linha que indicava o local onde antes o Muro atravessa a praça de alto a baixo. "Berliner Mauer: 1961-1989", escrito numa placa metálica colocada sobre a estreita banda de pedras de calçada que atravessa a Linkstraße. Pena que uma grade de obras estivesse mesmo por cima da placa...
Com a fome a apertar e vários quilómetros nos pés, lá demos com o complexo da Sony Center (mais conhecido por "Praça Sony") a meio da Potsdamer Straße, no interior do qual encontramos, finalmente!, um sítio onde pudemos comer bem, barato... e sentados! E não podíamos, de facto, ter escolhido melhor local. Único pelo seu conceito arquitectónico de espaço público, de estética, e arrojo de engenharia, graças à enorme cobertura em forma de tenda. E o espectáculo começa mesmo após o anoitecer, quando a cobertura se torna uma enorme tela para um incrível show de luzes e cor. A comida até soube melhor! Foi um início de noite super agradável, pontuado com várias exclamações de júbilo por parte dos muitos alemães que assistiam à performance dos seus atletas nos Mundiais, através de um gigantesco ecrã.
Comemos a sobremesa numa gelataria super in (tipo lounge bar), na galeria comercial Arkaden, ali perto. De todas as gelatarias que poderíamos escolher, e de todas as empregadas dessa gelataria, logo fomos atendidos por... uma portuguesa!!! Rosa de seu nome, original de Seia, a certa altura deve ter topado o nosso ar de tugas e perguntou-nos (num inglês macarrónico) de onde éramos:
- "Portugal"
- "Já podiam ter dito! Eu também!"
Sim... como se nós fossemos mesmo adivinhar, lol. Foi muito querida, fez questão de nos tornar o serviço bem mais agradável. E o bem que soube falar um bocadinho de português com alguém para além de nós, "turistas".
Despedidas feitas, não regressámos ao hotel sem antes disfrutar de um passeio nocturno pelas redondezas da sempre animada e movimentada praça.
Potsdamer Platz
Esta praça situa-se no local onde a antiga estrada de Potsdam encontrava a muralha de Berlim. Neste ponto, existiu uma das portas alfandegárias da cidade, a porta de Potsdam (Potsdamer Tor), que ligava a antiga Potsdamer Straße (fora da cidade) à Leipziger Straße (dentro da muralha). Esta entrada foi ignorada no que toca ao seu desenvolvimento e enquadramento urbano, até que, no séc. XIX, encheu-se gradualmente de edifícios residenciais, destinados aos cidadãos que queriam morar fora da congestionada cidade e mais perto do Tiergarten. Em pouco tempo, a praça - outrora inexistente - transformou-se num bairro nobre, num fervilhante ponto de comércio, e importante cruzamento de estradas e ruas. Em 1838, a ligação de comboio Berlim-Potsdam foi inaugurada: em Berlim, a estação terminal foi erguida na praça (Potsdamer Bahnhof), devido às autoridades não permitirem a extensão da linha além da muralha. Com o crescimento de Berlim, a praça foi "invadida" por hotéis, lojas, teatros, cafés, restaurantes, bares e clubes, além de albergar inúmeros edifícios governamentais. Atingiu o apogeu da sua importância entre 1920 e 1940. Situada perto da chancelaria de Hitler e edifícios do Terceiro Reich, foi totalmente destruída pelos raides aéreos aliados. Após a guerra, a fronteira entre os sectores soviético e ocidental passava pelo meio da praça, e as crescentes tensões levaram ao esquecimento deste local por parte das autoridades dos dois lados, que preferiram desenvolver novos centros mais afastados do sector inimigo. A construção do Muro em 1961 deu a dimensão física a esta divisão e a praça, já deserta de prédios e pessoas, tornou-se "Terra de Ninguém". Em 1991, após a reunificação, foi criado um masterplan urbano que estabeleceu as regras que levariam ao renascimento de Potsdamer Platz como um dos principais e mais modernos centros urbanos da Europa.
Park Kolonnaden
O Muro passou por aqui...
Beisheim Center e a entrada da nova estação
Potsdamer Platz, vista da Leipziger Platz
"Bahn Tower", sede da Deutsche Bahn
Kollhof Tower
Junto ao Sony Center...
Casino de Berlim
Escultura no átrio da Huth Haus
Sony Center
Inaugurado em 2000, este moderno complexo foi projectado por Helmut Jahn, e a sua construção foi patrocinada pela japonesa Sony. A primeira pedra foi colocada em 1996 e, dois anos depois, o topo dos vários edifícios que o compõem foi atingido. Nesse mesmo ano, a gigantesca cobertura em aço, vidro, e tela começou a ser colocada, uns 65 metros acima da ampla praça central. De referir a integração de parte do antigo hotel Esplanade na estrutura do complexo, e que, para tal, foi necessário deslocá-lo 75 metros do seu local original, numa sofisticada operação. Este espaço público - visitado anualmente por 8 milhões de pessoas - contém diversas lojas, restaurantes, um centro de congressos, escritórios, apartamentos, um cinema IMAX, e museus dedicado à arte cinematográfica e televisão.
Melhor que fotos... só um vídeo (360º)
e mais pintinhas...
Há 8 anos
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