sábado, 24 de maio de 2008

Eurovisão 2008

Sei que em Portugal está "na moda" detestar, criticar e tratar abaixo de cão o Festival Eurovisão da Canção e olhar de soslaio e com sentimentos mistos tudo e todos aqueles que se lhe associam ou gostam do evento.

Eu não tenho problemas - gosto de assistir e considero-me um apreciador com algum conhecimento aprofundado daquilo que se vai passando nos meandros deste "mundo à parte". Lembro-me da Eurovisão desde pequeno ("Conquistador" é a memória mais antiga), mas só comecei a querer descobrir mais e a seguir a par e passo as novidades, desde há 5 anos.

Claro que não me sinto nada satisfeito com o rumo que o concurso tomou na última década. Aliás, os meus anos preferidos e as minhas canções preferidas são na sua grande maioria pré-2000.
Desde que abriram - democraticamente, é verdade - a votação aos telespectadores; desde que as exigências logísticas da música contemporânea condenaram a orquestra ao vivo à extinção; desde que liberalizaram a língua (levando a que cada ano pareça que os Estados Unidos participem com 20 canções), que o concurso que antes prendia as famílias à televisão, agora lute para que os Portugueses ao menos se lembrem em que dia é que ocorre (com insucesso, muitas vezes) e qual a canção que os representa...

Anyway...

Esta noite, às 20h00, na arena Beogradska de Belgrado, decorrerá a final do Festival da Eurovisão 2008. Este ano com algumas novidades, nomeadamente a introdução de duas semi-finais e o facto de a 10ª canção apurada de cada uma delas, ser escolhida pela votação agregada de diferentes júris nacionais (em vez do televoto).

Na passada quinta-feira, aconteceu aquilo que certamente, muitos Portugueses não acreditavam: a passagem do nosso país à final deste certame. Já não acontecia desde o sistema de semi-finais foi criado em 2004, para comportar a entrada de ínúmeros países de Leste, sedentos de participar. A nossa última final, em 2003, não foi muito feliz (aliás, como é nosso apanágio) com a balada da talentosa Rita Guerra a sucumbir
a um 22º lugar.

O surpreendente mérito foi conseguido pela igualmente talentosa Vânia Fernandes, para quem não se lembra, a vencedora da última edição da Operação Triunfo. Esmagou a concorrência na final nacional com uma balada mediterrânica, com laivos de fado e um cheirinho balcânico (compositor croata) e na "pré-época" do Festival, foi assumindo-se com uma das melhores canções.

Digo-vos, não me recordo de nenhuma outra canção nossa ter tido tanto apoio lá fora, recebido tantos comentários positivos e estar tão bem classificada nos diversos rankings que por aí se fazem. Nem mesmo a da Lúcia Moniz que nos deu a melhor posição de sempre (6º lugar).

Nos diversos ensaios, o público presente ovacionou de uma forma surpreendente a prestação da Vânia e dos seus colegas de coro. E isso pudemos todos verificar na grande noite, quando até durante a canção o público não parava de apoiar. E o fim apoteótico foi saudado com um aplauso estrondoso, como não me lembro de nenhuma outra canção antes dela ter recebido. Foi emocionante!



O outro momento da noite foi a situação que envolveu a nossa qualificação. É que, à boa maneira lusitana, sofremos até ao fim - até ao décimo e último envelope - para vermos o nosso país anunciado como finalista! O sofrimento! Eu confesso que já não acreditava... já dizia "vai ser a Macedónia" (passavam sempre, mesmo com trampa).
Os apresentadores quiseram brincar connosco e perguntavam ao público quem achavam que estava no envelope. "PORTUGAAAL!!!", responderam. E a celebração foi total quando lá apareceu a nossa bandeirinha no papel. A-RRE-PI-AN-TE!



Tendo em conta a sempre presente força política dos diversos blocos regionais europeus, já é uma vitória conseguir chegar à final. E tudo graças à qualidade da nossa canção.

Mais logo, seja o que Deus (e a Europa) quiserem!

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