sábado, 11 de outubro de 2008

Era uma vez um pinheiro

Há 11 anos, os meus pais compraram aquele que seria o último pinheiro natural a servir como árvore de Natal. No ano seguinte, fartos de ter de limpar a imensa porcaria que largavam, por si mesmo ou ao menor toque, decidimos investir numa árvore artificial, que ainda hoje é usada.

Foi um pinheiro originário da Holanda e comprámo-lo num horto na Circunvalação, ainda me lembro. Acho até que nesse dia estava meio doente mas quis ir com os meus pais escolhê-lo, e lá fui eu todo agasalhado.
Findo o Natal, não fizemos como nos anos anteriores em que o pinheiro ia direitinho para o lixo. Não, daquela vez - quem sabe talvez a adivinhar que seria o último - o meu pai decidiu plantá-lo num dos canteiros do quintal. Por um lado, preenchia o espaço deixado vazio por um arbusto de azáleas moribundo e que foi arrancado, por outro era algo a ocupar a terra vazia e solta que sempre foi um óptimo urinol para a gataria da vizinhança...

Talvez pelo facto do clima no Porto não ser tão mediterrânico como noutras zonas do país - é mais para o temperado marítimo, como em certas alturas do ano, na Holanda - é que se explica como ele se desenvolveu fantasticamente ao longo dos últimos 11 anos. De menos de 2 metros, atingiu mais de quatro, chegando quase a ultrapassar a janela do quarto dos meus pais, no 1º andar.



Anteontem, acabou-se. Com alguma tristeza do meu pai (que depois a transmitiu a mim, quando me contou) aproveitou andarem uns biscateiros a cortar árvores e arbustos na vizinhança, e pediu-lhe para deitarem abaixo o nosso pinheiro.
Num instante deitaram abaixo algo que acompanhou 11 anos da nossa vida, da minha vida. E quando a "perdemos" é que notamos a sua falta. Nem que seja pela imensa (e agradável) luz que agora nos reentra pela sala de estar, de manhã. Aliás, esta foi uma das razões principais por esta decisão. Há muito que não tinhamos luz decente na sala por sua causa, e quase não podiamos passar entre ele e a casa, tal era a sua proximidade.
Por um lado, podemos de novo bisbilhotar o que se passa na rua (lol) mas por outro, quem vai na rua agora também pode ver que estamos a bisbilhotar (bigger lol).

Parece que foi um animal de estimação que perdi, pela maneira como escrevo, não é? Mas é triste. São 11 anos que se foram... assim... Já não vamos mais ver os novos raminhos a despontar com aquele verde claro quase fluorescente. Nem os pardais e brincarem nos ramos, nem as aranhas nas suas teias.

1 comentário:

Girstie disse...

Eu tive durante anos uma palmeira no meu jardim. Aiás a inha casa era caracterizada por tal, ainda me lmebro quando um amigo meu ficou a olhar para a casa sem ela a pensar:será que é esta a casa? Só que as raízes começaram a dar sinal e um dia vieram cá de retroescavadora arrancá-la. Primeiro estranha-se mas depois habitua-se. E vais descobrir essas novas maravilhas da luz :D